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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Clube de leitura

A leitura é considerada um fator de suma importância para o enriquecimento social e cultural de uma pessoa. Quem lê, fala melhor, se expressa melhor, escreve melhor. E as vantagens não param por aí. Com o tempo, os livros viram um vício bom e se transformam em hobbies,  descanso para a mente, relaxamento.

Para incentivar as pessoas a se apaixonarem pelos livros, a livraria Cultura lançou o projeto Clube de leitura. Toda primeira segunda-feira de cada mês a loja do Iguatemi Shopping, no Lago Norte, abre suas portas para o público debater histórias e pensamentos, baseado em uma obra literária. Funciona assim: a mediadora traz duas opções de livros, o grupo escolhe um e tem quatro semanas para lê-lo. No dia do clube, o que não falta é discussão, de maneira construtiva e saudável.

Lucília (de vermelho), Rosane e Vera
Liliane Almeida, Lucília Garcez, Rosane Lobo e Vera Malta são participantes assíduas. Todas com idades entre 40 e 60 anos. Para elas, a proposta do clube é excelente, pois, além de ser uma troca de visões diferenciadas, ainda as obriga a ler pelo menos um livro por mês. O que para a professora aposentada da Fundação Educacional, Lucília Garcez, ainda é pouco. “Leio mais de dois livros por semana, tenho a vantagem de ter mais tempo para isso. Às vezes, leio um livro e esqueço que o li e leio de novo. A desvantagem de ser mais velha”, conta aos risos.

Apesar de ter mais idade, Lucília é a mais falante. Como ex-professora, ela diz que a maioria dos educadores não são leitores e ao passar os livros para os alunos lerem, já os advertem da chatice que enfrentaram. “O problema é que o governo só permite que livros de domínio público entrem na lista dos vestibulares, pois esses estão disponíveis pela internet para quem não tem como comprar. Para isso, o livro tem que ter no mínimo 70 anos. A linguagem é difícil. Mas ao invés do professor procurar meios de incentivo, vai logo dizendo que é chato”, lamenta.
Para a economista Vera Malta, o incentivo tem que vir do berço. “Os pais são responsáveis pela educação de seus filhos. Se eles são leitores, logo, os filhos têm mais chances de serem também por terem o exemplo dentro de casa. Pai e mãe tem que ler para seus filhos desde cedo”, adverte.

É o caso da mediadora do grupo, Michele Veloso, de apenas 23 anos. Ela conta que seu gosto pelos livros vem desde pequena pelo apoio de seus pais. “Fui uma criança “espoleta”, mas tinha meu momento calmo para leitura. Teve um “dedo” da escola, mas os créditos vão para meus pais que compravam livros infantis e os lia para mim. Aos 10 anos, já tinha lido mais de 40 obras”, diz.

O grupo não tem jovens, o que para os participantes faz falta. “Sempre alternamos entre um clássico e um contemporâneo. Seria muito bom saber a opinião dos mais jovens, ver como eles pensam, especialmente sobre obras antigas, muito antes de eles nascerem. Seria, de certa forma, uma maneira de abrir seus horizontes”, conta.

O clima do clube de leitura é muito agradável. As idéias que divergem são respeitadas e discutidas. A história do livro passa a ser comparada com a realidade do Brasil, do mundo e com outras obras. A conversa às vezes é tão boa que sai do enredo do livro, vai até para assuntos pessoais da vida de cada um. E aí ouve-se a voz da mediadora: “Vamos manter o foco no livro”.

Para quem se interessou, ainda dá tempo de participar do próximo encontro no dia quatro de julho. O livro que será abordado é “Um diário”, do autor Robert Walser. Para não chegar cru de tudo, é bom dar uma folheada, saber do que se trata. Mas também há a opção de fazer uma visitar, ver se agrada e já voltar com a missão do próximo livro para casa. Vamos gente, coragem! Uma hora por mês, que servem de bagagem para o resto da vida.

Serviços:
Clube de leitura
Toda primeira segunda-feira do mês. Das 19h30 às 20h30.
Na Livraria cultura, do Shopping Iguatemi, no Lago Norte. Não sabe onde é? Clique aqui.
Entrada franca.

Para quem acha o Lago Norte muitooo longe, tem a opção de freqüentar no Casa Park.
Clube de leitura
Toda última terça-feira do mês. Das 19h30 às 20h30.
Na Livraria cultura, do Casa Park. Não sabe onde é? Clique aqui.
Entrada Franca.

Dança = Paixão


No dia 5 de maio de 2011, na Sala Villa-Lobos, do Teatro Nacional Cláudio Santoro, foi realizado o espetáculo “Don Quixote”, produzido pela Escola de Ballet Bolshoi, no Brasil. A apresentação tinha o propósito de mostrar a arte das bailarinas e bailarinos da escola, e também, o crescimento da cidade de Joinville, depois que a filial do Bolshoi chegou à cidade.

Dentre o público, de mais de 1400 pessoas, estavam o prefeito da cidade de Joinville, Carlito Merss, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, o embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov e alguns jornalistas. Antes do espetáculo, a ministra da cultura, Ana de Hollanda e o Embaixador russo, receberam uma placa com os dizeres: “A arte é presente e alimento para a alma daqueles que a prestigiam e apóiam”, uma homenagem pelo apoio que eles oferecem as artes e a cultura do nosso país.

Espetáculo Don Quixote - Bolshoi, Brasil.
O espetáculo foi maravilhoso e durou por volta de duas horas e meia. Durante toda a apresentação, os bailarinos encantaram o público com sua graciosidade e excelente execução dos movimentos. A platéia pôde prestigiar um trabalho consagrado, e os também dançarinos clássicos presentes, puderam tirar uma inspiração para o seu dia a dia de ensaios.

Não foi um evento em que as pessoas tiveram dificuldades de acesso. Foi bem organizado e com um preço acessível. O único problema foi em relação à marcação de lugar. As cadeiras da frente eram reservadas aos governadores, prefeitos e ministros citados anteriormente e as cadeiras mais acima eram do restante do público, então, para que pudéssemos sentar em um bom lugar, precisamos chegar bem cedo ao teatro.

Para mim, que sou bailarina clássica, foi um ótimo espetáculo. Posso resumir em uma noite inesquecível.

*Por Anna Gabriella de Souza Brinck, 15 anos, leitora do Espalhando Cultura.

Sobre mim

Anna Gabriella Brink
Tenho 15 anos e comecei a dançar balé aos dois. Quando completei 10 anos, entrei para a dança de rua também, como um desafio pessoal. Um ano depois, tive que fazer uma escolha, pois estava muito complicado criar uma harmonia entre as duas. Escolhi o balé, onde danço até hoje.

O balé exige muita dedicação, disciplina e amor. Para mim, é a dança mais difícil e ainda, e é a base para as outras modalidades. Eu faço aulas na Academia de Dança Noara Beltrami. O ritmo é puxado, ensaio todos os dias, com exceção aos domingos. Durante o ano, também fazemos várias viagens para dançar em festivais como o “Passo de Arte”, nas cidades de Belo Horizonte, Indaiatuba e Joinville.

O balé mudou a minha vida em muitos pontos; mudou o meu corpo, pois ganhei flexibilidade, força e resistência, mudou minha mente, pois é uma forma de expressar os meus sentimentos e mudou meu estilo. Eu ando diferente, me sento diferente, me alimento diferente. A dança em geral causa isso nos bailarinos, cada passo é feito com técnica, mas tem um toque pessoal de cada pessoa, e isso que faz uma coreografia ser linda ou horrível. Além de técnica, os bailarinos precisam saber dançar a música e interpretar.

Muitos me perguntam por que eu ainda faço balé, se eu sou muito cobrada, se me machuco muitas vezes, se perco feriados e férias para ensaiar, se só viajo para competir em festivais no decorrer do ano e minha resposta é a mesma: Eu faço tudo isso porque amo.

O balé não é só uma dança, é um estilo de vida. Entrar em um palco e dançar bem é a mesma coisa de ganhar na loteria, causa uma alegria sem fim. Escutar elogios de professores é maravilhoso e dá ainda mais motivação. As bolhas, calos e machucados não importam. Sempre tem os momentos tristes, mas o choro alivia e nos dá vontade de treinar mais para poder melhorar. É meio complexo esse mundo do balé, mas, quem está nele sabe o tanto que é maravilhoso.

terça-feira, 14 de junho de 2011

É dia de cinema

Para os órfãos do cinema da Academia de tênis e do Casa Park, o Centro Cultural Banco do Brasil traz boas novas. O projeto intitulado “Inéditos em Brasília” está na cidade com 13 filmes em cartaz. São longas produzidos em diversos países como Argentina, França, Alemanha, Islândia, Dinamarca e Irã. Uma excelente oportunidade para conhecer o trabalho de cineastas, que para muitos, são desconhecidos, além de sair da rotina dos recordes de bilheteria.

A mediadora da mostra, Vanessa Avelar, explica que a idéia de trazer o projeto para o Distrito Federal foi uma parceria da Cult Vídeo e da produtora Sétima, que sentiram a necessidade de revelar filmes não lançados no circuito comercial. “A exposição cinematográfica é um verdadeiro enriquecimento cultural. Uma viagem a outros lugares através da tela, com formatos diferentes dos usuais e totalmente inéditos”.

Os gêneros e as linguagens são variados e para todos os gostos. Tem comédia, drama, animação infantil, romance, documentário, suspense e ficção. Assim como eu achava, tem muita gente que considera filme cult sinônimo de filme chato, mas não é bem assim não. Pelo contrário. As histórias podem surpreender positivamente o público com enredos que fogem do tradicional, de uma mesmice, onde na metade da história já se pode adivinhar o final.

Fora do comum é o caso do longa Iraniano “Antes da lua cheia”, que mostra o trajeto de um músico curdo com a missão de fazer um conserto no Iraque, logo após a queda de Saddam Hussein. Um ancião o advertiu que algo terrível aconteceria se ele continuasse a viagem. O perigo não foi empecilho para o músico, que não tocava há mais de 35 anos. Para quem não é acostumado, só de pensar que o filme é do Irã, não dá curiosidade em conhecer o lado cinematográfico deles? Que por sinal, não fica devendo nada para filmes de circuito comercial.

Três brasileiros participam da mostra: “A casa verde”, “Moscou” e “O grão”. O estudante de direito Victor Verissímo assistiu “O grão” e aprovou. Para ele as cenas misturam traços de drama e fantasia, o que deixa a história envolvente e mais interessante. “O filme fala de uma vó que tenta preparar o neto para sua morte, inventando contos sobre uma realeza fictícia que também lidam com a perda. Uma boa maneira de aproximar o irreal com a realidade”.

A turista paulistana Cristina Abe, que visita Brasília pela primeira ficou encantada com os pontos turísticos da cidade como o Memorial JK, a torre, Ermida Dom Bosco e a Catedral. Ao visitar o CCBB, descobriu a mostra de cinema e mesmo sendo um fato atípico para ela, diz que valeu a inusitada experiência de ver um filme estrangeiro, especialmente sem pagar nada. “Em São Paulo é tudo muito exagerado. Para irmos ao cinema temos que desembolsar quase 30 reais. Fiquei surpresa quando vi projeto daqui, não sabia que estava tendo. Adorei o finlandês “O ciúme mora ao lado”.

A exposição fica aberta até o dia 15 de maio. São quatro sessões por dia, com horários variados e entrada gratuita. Basta conferir aqui a programação, pegar o ingresso na bilheteria e bom filme!

E Mais no CCBB

Quem visitar o CCBB, além de assistir filmes pode viajar por outra cultura: a islâmica. A exposição Islã – arte e civilização mostra uma parte significativa do legado artístico de vários países de cultura islâmica. São mais de 300 peças que compõe um retrocesso histórico de mais de um milênio atrás. Por meio cerâmica, ourivesaria, arquitetura e representações abstratas é apresentado um mundo diferente, onde há um vínculo direto com a religião local e o sagrado. Deus é único para eles, mas sua criação é múltipla. Essa multiplicidade que forma a identidade mulçumana, pode ser vista e melhor entendida na mostra. Na dúvida, há mediadores para explicar as curiosas histórias islâmicas.

A exposição está aberta a visitação de terça a domingo, das 9 da manhã às 9 da noite, até o dia 3 de julho. A entrada é Franca.

Não sabe como ir para o Centro Cultural Banco do Brasil?

O CCBB disponibiliza ônibus gratuito, das 11 da manhã às 11 da noite, de terça a domingo. O ônibus é identificado com a marca do Centro Cultural. Veja os horários e locais aqui.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Um passeio pela história no Memorial JK


Para homenagear Juscelino Kubistchek, está na cidade a exposição fotográfica “JK e as personalidades do século XX”. São 20 fotos do ex-presidente com artistas, políticos e outras personalidades. Uma verdadeira volta no tempo para relembrar aquele que marcou a história de Brasília. A curadora do evento Daiana Castilho Dias atenta para o objetivo da mostra que é o enriquecimento cultural por meio de uma época totalmente diferente da atual. “O projeto vem da percepção da atuação do JK em favor da área da cultura e seu amplo relacionamento em todas as esferas sociais de Juscelino. Assim, a idéia central é apresentar essa característica multifacetada do JK e ao mesmo tempo despertar o interesse do público para um período áureo da cultura brasileira”, conta Daiana.

Influente como era, JK conheceu diversas pessoas consagradas pela história, saindo do seu mundo político e alcançando também o mundo artístico. Como é impressionante ver como o tempo passa e a velhice chega também para as celebridades. É o caso de Kubistchek ao lado do ator de Hollywood, Marlon Brando – considerado o galã da década de 50. Quem recorda de seus últimos filmes, quase não vê mais sua marca registrada de bonitão, apesar do artista continuar charmoso aos olhos de muitas mulheres.
Marlon Brando bem mais velho (esq) e mais jovem ao lado de JK (dir)

Os mais jovens nem sabem quem é o ator ou muitos outros com JK nas fotos, entretanto, consideram o passeio uma oportunidade para aprenderem sobre o assunto. Amanda Cerilo e Rafael Baroni, ambos de 18 anos aceitaram o convite, viajaram na história do ex-presidente e se surpreenderam. “Achei muito legal saber mais de JK. Sempre pensei que ele tinha idealizado Brasília e pronto. Ele também governou o país por cinco anos e ainda foi prefeito, deputado e senador. Pelas fotos deu para perceber como era popular. Hoje entendo a falta que alguns dizem que ele faz”, afirma Amanda. “Gostei da exposição e também do Memorial JK, onde eu nunca havia visitado. Adoro fotos antigas para ver o antes e o depois das pessoas, mesmo não conhecendo a maioria das pessoas. Pena JK ter morrido tão cedo, sempre vou ter a mesma imagem dele, não envelhece nunca”, diz Rafael.

JK com o líder cubano Fidel Castro
A mostra também traz momentos marcantes de JK com Grande Otelo, Milton Nascimento, Fidel Castro, John Kennedy, Louis Armstrong e outros. De acordo com o jornal Correio braziliense, com Juscelino Kubistchek o país conheceu um dos períodos de mais desenvolvimento em sua história, marcados por um forte sentimento de otimismo. Importantes movimentos culturais surgiram como as Chanchadas da Atlântida, do Cinema Novo, da Bossa Nova. JK, então, popularizou-se como líder moderno, atuante, amante das artes.


O Memorial JK é muito procurado pelos turistas. Lá estão as lembranças do homem que tanto fez pela cidade de Brasília. Para quem mora aqui a vida inteira e só conhece o museu de ouvir falar, ou quem só visitou em passeios de escola quando criança, fica a dica para saber mais e melhor sobre a história de Brasília e seu idealizador.

 
JK e as personalidades do século XX está em cartaz até o dia 31 de junho.
As visitas estão abertas ao público de terça a domingo, das 9h às 18h.
Entrada Franca.
Mais informações: 3225-9451


Juscelino Kubistchek

Juscelino nasceu em Diamantina, em Minas Gerais, no dia 12 de setembro de 1902. Aos 17 anos foi aprovado no concurso de telegrafista dos Correios em Belo Horizonte. Essa foi a oportunidade que JK encontrou para realizar seu grande sonho de tornar-se médico. Seu sonhou foi realizado em 1927 e em seu baile de formatura, conheceu Sarah Gomes de Lemos, que viria a ser sua esposa quatro anos depois.

A vida política começou com a Revolução Constitucionalista de 1932, onde foi convidado a assumir o cargo de Secretário do Governo de Minas Gerais. Aceitou relutante, pois não queria deixar a profissão de médico. Mal sabia onde chegaria como político.

 Depois de um currículo extenso como deputado, prefeito, governador, candidatou-se a Presidente da República em 1955, com o objetivo de trabalhar e se responsabilizar pelo povo. Promessa que foi acatada por quase 4 milhões de pessoas, que o elegeram.  Como parte de suas promessas estava o  “Plano de metas”, que traçava avançar 50 anos em 5, melhorando a educação, energia, transporte, indústrias, educação e a construção de Brasília. O projeto foi considerado um sucesso na época.

A construção da nova capital foi decretada por lei, em setembro de 1956. O Catetinho foi o primeiro lugar a ser construído – era onde JK se hospedava quando vinha acompanhar as obras de Brasília, duas vezes por semana. Pessoas de todas as regiões vieram ajudar na empreitada e em 21 de abril de 1960 a cidade foi inaugurada como a realização de um sonho.

Após seu mandato, foi eleito senador pelo Goiás, mas com grandes chances de voltar à presidência em 1965. Em 1964, estoura uma revolução e JK tem seu mandato cassado e os direitos políticos suspensos por 10 anos. Com isso, resolveu se exilar por alguns anos. De volta ao Brasil, fundou o banco Denasa, onde trabalhou até 1975.

Juscelino Kubistchek morreu em 1976, vítima de um acidente de trânsito no Rio de Janeiro. Há quem diga que foi planejado.

Fonte: http://www.memorialjk.com.br


sexta-feira, 10 de junho de 2011

A arte de encenar

Arthur Tadeu Curado
Apaixonado pelas artes cênicas. É assim que Arthur Curado, de 31 anos, se auto define. Mesmo tendo estudado teatro em uma das mais famosas escolas do Brasil, foi como escritor e diretor que Curado se estabeleceu em Brasília. Dono de alguns difíceis de entender, ele não tem medo de deixar livres suas misturas de pensamentos. Diz que é muito possível alguém sair de um de seus espetáculos achando que ele é meio doido, o que em sua opinião, tem um lado bom ao mostrar sua versatilidade e criatividade incomuns.

No momento, o diretor está em cartaz com a peça Bem perto do fim, que, para entender o enredo, só mesmo assistindo – e olhe lá. Adiantando, pode-se dizer que a história é sobre a saga de quatro sobreviventes de Brasília, que antes de completar 100 anos está completamente deserta. O diretor conta que o objetivo é mostrar as transformações pelas quais o planeta está passando, vítima de tantas catástrofes e mudanças climáticas. “É uma comédia-dramática, que também levanta a reflexão para o que está acontecendo no mundo”, afirma Curado. Saiba mais na entrevista abaixo.

Espalhando Cultura - Como surgiu a ideia de fazer a peça? Por que esse enredo?
Tadeu Curado - O Bem Perto Do Fim foi escrito em 2009, eu tinha 28 anos e, com a proximidade dos 30 anos, começaram alguns questionamentos, entre eles o que acontece quando se vira um adulto em definitivo, como é ser gente grande. Foi uma espécie de crise que acabou servindo de base para falar de uma crise ainda maior e universal: a decadência do planeta e as profundas transformações pelas quais a Terra está passando.

EC - Como é misturar comédia com o drama dos últimos 4 sobreviventes da peça?
TC - O humor é uma escolha, um caminho, uma linguagem. Porém, ele é realizado dentro de um contexto sempre específico; a risada nunca é objetivo. O humor é um caminho de comunicação com o público. Em Bem Perto Do Fim a graça acontece dos fatos que aparecem na difícil arte de convivência, ainda mais quando ela é forçada, como em nosso caso. As pessoas costumam achar graça em ver os personagens lidando com situações inusitadas em cena, especialmente quando é distante da própria realidade. Se o público rir, ótimo. Há maiores chances de eles gostarem do espetáculo e aumentar a propaganda boca´-a-boca.

EC - Como foi a aceitação do público?
TC - Foi boa, dentro do esperado. É um tema delicado para ser tratado, tem uma linha tênue pra não ficar muito incompreensível ou futurista demais. E sim, teve gente que não entendeu nada. Mas no geral a aceitação foi bem legal. Já estou acostumado a pensarem que sou meio doido. Acho que isso tem a ver com o meu lado versátil e criativo. Pelo menos tento ser.

EC – Por que você se acha doido?
TC – Acho que por eu colocar para fora, por meio das peças, idéias meio surreais para alguns. Porém, há muitas pessoas que compartilham do incomum comigo e já se acostumaram. Para elas é clichê muitas histórias são vistas por aí. Tento ir pelo lado imaginário.

EC - Tem planos de fazer outra temporada?
TC - Sim, tenho planos. Acho que ainda esse ano.

EC - Como surgiu seu interesse pelo teatro?
TC - Sempre gostei de escrever. Já tinha experimentado aulas de teatro e na época do vestibular fiquei na dúvida entre Comunicação e Cênicas. Acabei optando pelo teatro e fui fazer a escola de artes Cênicas mais famosa do Brasil, a CAL - Casa das Artes das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Essa experiência me deu bagagem para começar a me arriscar mais e é o que tenho feito; acredito tudo nas minhas idéias e acredito no que faço.

EC - Já escreveu e dirigiu outras peças? No que você se inspira?
TC - Sim, algumas (ver currículo). Me inspiro no cotidiano, no que eu vejo, ouço, em histórias de amigos... A inspiração vem daí, porém o que mais me excita são dificuldades/questões puramente pessoais que resolvo no teatro, como eu disse antes, meus pensamentos.

EC - Como você vê a cultura em Brasília? Como aproximar os jovens para o ambiente cultural?
TC – Acho que Brasília está chegando num lugar interessante no que diz respeito à oferta de produções culturais e qualidade e excelência artística. Para aproximar os jovens só tem um caminho: oferecer produtos culturais de qualidade desde cedo e assim treinar o olhar e o gosto deles para opções artísticas mais diferenciadas.

EC – Tem planos para uma nova peça?
TC – Depois de Bem perto do fim, entro em cartaz com o Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite, adaptação de uma obra literária, que narra uma noite na vida de Alma, artista plástica quarentona, falando os altos e baixo de sua trajetória, cheia de pequenas omissões e irremediáveis perdas.

Essa é uma excelente oportunidade de assistir um espetáculo a preço popular e prestigiar o teatro local. Para quem se interessou abaixo estão as informações.

Bem perto do fim
Bem perto do fim está em cartaz até o dia 22 de maio, no Mercado Cobogó (704/5 norte, bloco E, Loja 51).
Sábados e domingos, sempre às 20h30.
A entrada custa R$ 20 (inteira)
Mais informações: 3039- 6333

Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite
Programa-se antecipadamente:
Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos De Leite, a partir do dia 3 de junho, no Teatro do Brasília Shopping.
Sextas e sábados às 21h e domingos às 19h.
A entrada custa R$ 20 (inteira)
Mais informações: 3039-6333

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Deixe-se levar pelo Choro


Mais de 50 músicos tocando a céu aberto
Levantar cedo em pleno sábado pode ser um sacrifício para alguns, mas certamente é um prazer para os estudantes do Clube do Choro de Brasília. Todo último sábado do mês eles se reúnem para tocar e se conhecerem melhor. Cada um da sua maneira, sem regras ou olhares de advertência. É um momento reservado especialmente para a música e todos os sentimentos que ela pode trazer. Alguns dizem que é emoção, outros felicidade, mas todas as definições se resumem a uma extrema paz de espírito.

Não é nem preciso saber tocar, basta saber admirar e observar. São cavaquinhos, violões, flautas, violinos e muitos pandeiros. Jovens, adultos e idosos, todos em harmonia com a melodia, tendo a natureza como companhia debaixo da sombra das mangueiras do eixo monumental. Local ideal para apreciar um ritmo leve e contagiante sem gastar nenhum centavo.

Quem não quer ficar em pé pode levar cadeira de casa
O repertório é feito na hora. A canção é escolhida por quem começa a tocar primeiro, mas não podem faltar clássicos como Naquela mesa, Carinhoso, Ternura e Sofres porque queres. Letras interpretadas e imortalizadas por tantos artistas como Nelson Gonçalves e Pixinguinha. Lembrando que não tem que ser fã de chorinho para visitar a chamada roda do choro, basta ter a mente aberta e deixar o ritmo envolver. Pode-se até fechar os olhos para entrar melhor no clima. De óculos escuros, por exemplo, ninguém vai perceber o momento “meditação”. 

Famílias
Algumas famílias já descobriram a roda. Elas ajudam a decorar a paisagem ao redor dos músicos. Muitas crianças aprendem desde cedo a amar o Chorinho e a pensar no futuro como um instrumentista em potencial, normalmente seguindo os passos dos pais. É o caso de Carlos Eduardo Maia, de 8 anos. “Já pedi um violão de presente. Quero um dia tocar aqui com meu pai”.

Assim como os pequenos sonham em participar do evento, tem veterano também almeja ver mais participantes na roda. Para Pedro Ferreira, estudante do Clube do Choro há muitos anos, os músicos de chorinho deveriam se reunir em outros lugares de Brasília, assim, poderiam levar o ritmo para os arredores do DF e construir parcerias. “Se nós nos encontrássemos cada vez em um lugar diferente, mais pessoas teriam o interesse em conhecer o estilo e quem sabe não aumentaríamos a nossa roda”, idealiza.

A dica então é: levantar cedo, vestir roupas leves, juntar os itens de piquenique, passar protetor solar e seguir para o Clube do Choro. De longe pode ser ouvir o grupo de “quem sabe faz ao vivo” do lado de fora. Uma programação fora do comum para muita gente, que pode conquistar de vez muitos corações. Experiência própria.

História do Choro

O Choro pode ser considerado o primeiro ritmo urbano tipicamente brasileiro.Os primeiros grupos surgiram nos subúrbios cariocas em 1880. O curioso nome, atenta para o caráter choroso com que os músicos interpretavam as canções. A princípio, eram formados trios, com cavaco, flauta e violão. O choro foi o recurso encontrado por músicos populares de tocarem à sua maneira, as canções importadas consumidas pela alta sociedade da época. Os chorões logo se difundiram e conquistaram os salões nobres do Rio de Janeiro.

O choro é considerado um ritmo disposto aos improvisos. E foi com essa fama de “improviso Jazzístico”, que o chorinho, seguidor de regra alguma, passou a ter diversos outros instrumentos. O que determinava a maneira como cada instrumento participa da canção se dá em função da destreza do músico que o toca. Não importa se é um cavaquinista ou trombonista, mas sim se é ele suficientemente hábil para fazer os solos.

Essa liberdade musical chamou a atenção de nomes que se consagraram no Brasil como Jacó do Bandolim, Lula Cavaquinho, Villa-Lobos, Hamilton de Holanda, Nelson Gonçalves, João Pernambucano, dentre outros.


Botero em: Dores da Colômbia


A Caixa Cultura traz a Brasília uma mostra das obras do colombiano Fernando Botero. Com o tema “Dores da Colômbia”, a exposição faz um panorama da triste realidade que acometeu o país nas décadas de 1980 e 1990, que tem conseqüência até hoje, como o narcotráfico, a guerrilha, e os paramilitares.

São cerca de 67 obras marcadas com muito sangue, tiros, assassinatos, torturas e dilacerações. Mesmo não sendo fotografias reais, os quadros chocam e passam um sentimento de agonia e aflição, por trazerem um espelho de fatos que realmente aconteceram. Botero afirmou que seu intuito era chamar a atenção do mundo para os momentos irracionais de violência da Colômbia – e conseguiu. É como se o artista tivesse pedindo socorro, por meio dos personagens de suas pinturas.

O padrão ainda é o mesmo: cores vivas, deformações, exageros e pessoas arredondadas.  O que mudou foi a visão do artista, que resolveu olhar para o lado de sua região natal.Meu país tem duas faces. Colômbia é esse mundo amável que eu retrato sempre, mas também tem o rosto terrível da violência. Então, em algum momento, tenho que mostrar sua outra face ”, conta.

Uma marca do pintos é retratar pessoas nuas
Na galeria, muitos seguranças fazem a guarda das obras, mas pelo visto, poucas pessoas em Brasília se dispuseram a conhecer a mostra. De acordo com a mediadora, Sara Lima, a maioria do público era de agendamento escolar, com idades a partir dos 13 anos, pois, apesar de ter censura livre, a recomendação é de 12 anos. No dia da entrevista, a publicitária Jéssica Rabelo, de 23 anos, era a única visitante no local. “Eu não conhecia o artista, me interessei pelo nome da exposição. Fiquei chocada em ver tanta violência, sem contar, que quase todos estão nus”, revela. Jéssica completa dizendo que recomenda o passeio. “Aconselho todos a virem. Nada melhor do que a conscientização por meio do choque visual”.

Para o também mediador da Caixa Cultura, Moisés Gonzaga, o que falta é conhecimento e interesse das pessoas, especialmente para a juventude. “Brasília tem muitos eventos culturais interessantes e gratuitos, mas os jovens fogem por outros caminhos. Muitos não gostam de coisas que exigem um certo raciocínio e sensibilidade”. Sara Lima concorda com o colega e diz: “quem procura a galeria já se identifica com a arte e com a cultura e infelizmente, e parte da mocidade não está madura para isso”.





A revolta de Botero: retratos de tiros, corpos e muito sangue
O que dizer da mostra? Vale a pena conferir o estilo “revoltado” de Botero. O choque pode nos levar à reflexão do que acontece muito perto de nós, aqui mesmo no Brasil, na nossa cidade, no nosso bairro. Essa foi a maneira do colombiano dizer um basta a violência, a maldade, a crueldade, tão visível nos dias de hoje. Quem sabe a os quadros inspirem a gente a também buscar mais gentileza, ao invés de briga. Que o que está retratado nas obras seja um exemplo a não ser seguido.

Antes de vir para Brasília, a exposição passou por São Paulo, onde recebeu 25 mil visitantes. Daqui, ela segue para Curitiba, Rio de Janeiro e Recife. “Dores da Colômbia” fica na cidade até o dia 1º de maio, diariamente das 9 da manhã às 9 da noite e o melhor, tem entrada gratuita.



Fernando Botero Angulo, nasceu no dia 19 de abril de 1932, em Medelín, Colômbia. Ainda pequeno foi matriculado em um curso de toureiro, que lhe rendeu inspiração para suas primeiras obras, inclusive seu primeiro trabalho reconhecido, “Aquarela de um matador”. Aos 12 anos ganhou uma bolsa de estudos na Escola Jesuíta, onde descobriu a arte moderna. Expulso da escola por desenhar personagens nus – fato considerado obsceno – Botero mudou-se para cidade vizinha, Marinilla.

Em 1952, ganhou o prêmio no Salão Nacional, em Bogotá. Com o dinheiro que recebeu, viajou para Itália, França e Espanha, para estudar o trabalho de outros pintores. Quando voltou para Colômbia, em 1955, expos suas novas obras na Biblioteca Nacional, as quais foram criticadas sob o argumento de não terem estilo próprio e acabou não vendendo nenhum quadro. Nesse mesmo ano, Fernando Botero casou-se e mudou para o México. No México, o pintor começou produzir obras de natureza morta, já influenciado pelo Renascentismo Italiano e foi assim que ele ganhou reconhecimento fora da América Latina e foi considerado um dos artistas mais promissores da época.
Monalisa aos olhos de Botero


No fim da década de 1960, o artista decidiu mudar-se para os Estados Unidos, mas precisamente em Nova York. Embora o pintor se interessasse pelo expressionismo abstrato, preferiu seguir pelo estilo renascentista italiano. Durante, esse período, ele resolveu variar as suas imagens, expandindo as figuras e comprimindo o espaço em torno delas. Essa é sua marca até hoje, que pode ser vista inclusive, em paródias de pinturas famosas.
Em 1973 começou também a esculpir e teve seu trabalho exposto em galerias do mundo inteiro. Botero muito do seu tempo esculpindo e suas esculturas tinham em média 3 mil quilos.
 
Fernando Botero tem um estilo próprio, único. Ele mistura influências renascentistas, claramente vistas nos tons de cores usados em suas pinturas. Sua ousadia em retratar pessoas gordas e relatar casos de violência fez dele um dos mais famosos pintores do século XX.


Curiosidades sobre o artista
- Botero perdeu um dedo e alguns movimentos do braço, em um acidente automobilístico, que acabou na morte de um de seus filhos.
- Foi associado ao “Cartel de Medelín”, organização de tráficos de drogas, liderado por Pablo Escobar. Na época, Botero foi vítima de um seqüestro, fracassado.
- Em 1995, sua escultura “Pomba da paz” foi explodida por um grupo guerrilheiro em plena festa de rua, no centro de Bogotá. Os estilhaços mataram 21 pessoas. Botero fez uma réplica da obra.
- Ficou três anos sem falar com o filho, condenado a prisão por aceitar dinheiro do tráfico de cocaína, para financiar a campanha eleitoral de Ernesto Samper.
- Em 2000 começou a apresentar quadros que refletem a violência colombiana.

Entendendo a violência na Colômbia

Em 1948, com o assassinato do líder colombiano Jorge Eliecer Gaitán, veio a rivalidade entre liberais e conservadores. Atos de violência se espalharam desde a capital, Bogotá, até o interior, matando milhares de pessoas. O conflito terminou com um acordo. Os líderes deram respaldo ao golpe militar de 1953 e decidiram compartilhar o poder.

Integrantes das Farc com um prisioneiro
Alguns liberais, que vivenciaram o período de violência das décadas de 30 e 40, ficaram insatisfeitos com o acordo e instituíram as Forças Armadas da Colômbia – Farc, em 1964. As Farc foi a primeira de muitas organizações que viriam depois.

Nos anos 70, os cartéis de narcotráfico se estabeleceram no país e passaram a produzir cocaína em grande escala, juntamente com as Farc. Logo começou a luta contra o tráfico de drogas.  Na década de 1990, os EUA intervieram na guerra contra o narcotráfico, procurando os líderes dos cartéis. Nessa época, foi preso o famoso traficante Pablo Escobar, morto em 1993. As Farc dominam 20% do território colombiano, com aproximadamente 17 mil guerrilheiros e é o principal combustível de violência no país.    

Fonte: Com informações do site http://www.infoescola.com/colombia/historia-da-colombia/