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sexta-feira, 10 de junho de 2011

A arte de encenar

Arthur Tadeu Curado
Apaixonado pelas artes cênicas. É assim que Arthur Curado, de 31 anos, se auto define. Mesmo tendo estudado teatro em uma das mais famosas escolas do Brasil, foi como escritor e diretor que Curado se estabeleceu em Brasília. Dono de alguns difíceis de entender, ele não tem medo de deixar livres suas misturas de pensamentos. Diz que é muito possível alguém sair de um de seus espetáculos achando que ele é meio doido, o que em sua opinião, tem um lado bom ao mostrar sua versatilidade e criatividade incomuns.

No momento, o diretor está em cartaz com a peça Bem perto do fim, que, para entender o enredo, só mesmo assistindo – e olhe lá. Adiantando, pode-se dizer que a história é sobre a saga de quatro sobreviventes de Brasília, que antes de completar 100 anos está completamente deserta. O diretor conta que o objetivo é mostrar as transformações pelas quais o planeta está passando, vítima de tantas catástrofes e mudanças climáticas. “É uma comédia-dramática, que também levanta a reflexão para o que está acontecendo no mundo”, afirma Curado. Saiba mais na entrevista abaixo.

Espalhando Cultura - Como surgiu a ideia de fazer a peça? Por que esse enredo?
Tadeu Curado - O Bem Perto Do Fim foi escrito em 2009, eu tinha 28 anos e, com a proximidade dos 30 anos, começaram alguns questionamentos, entre eles o que acontece quando se vira um adulto em definitivo, como é ser gente grande. Foi uma espécie de crise que acabou servindo de base para falar de uma crise ainda maior e universal: a decadência do planeta e as profundas transformações pelas quais a Terra está passando.

EC - Como é misturar comédia com o drama dos últimos 4 sobreviventes da peça?
TC - O humor é uma escolha, um caminho, uma linguagem. Porém, ele é realizado dentro de um contexto sempre específico; a risada nunca é objetivo. O humor é um caminho de comunicação com o público. Em Bem Perto Do Fim a graça acontece dos fatos que aparecem na difícil arte de convivência, ainda mais quando ela é forçada, como em nosso caso. As pessoas costumam achar graça em ver os personagens lidando com situações inusitadas em cena, especialmente quando é distante da própria realidade. Se o público rir, ótimo. Há maiores chances de eles gostarem do espetáculo e aumentar a propaganda boca´-a-boca.

EC - Como foi a aceitação do público?
TC - Foi boa, dentro do esperado. É um tema delicado para ser tratado, tem uma linha tênue pra não ficar muito incompreensível ou futurista demais. E sim, teve gente que não entendeu nada. Mas no geral a aceitação foi bem legal. Já estou acostumado a pensarem que sou meio doido. Acho que isso tem a ver com o meu lado versátil e criativo. Pelo menos tento ser.

EC – Por que você se acha doido?
TC – Acho que por eu colocar para fora, por meio das peças, idéias meio surreais para alguns. Porém, há muitas pessoas que compartilham do incomum comigo e já se acostumaram. Para elas é clichê muitas histórias são vistas por aí. Tento ir pelo lado imaginário.

EC - Tem planos de fazer outra temporada?
TC - Sim, tenho planos. Acho que ainda esse ano.

EC - Como surgiu seu interesse pelo teatro?
TC - Sempre gostei de escrever. Já tinha experimentado aulas de teatro e na época do vestibular fiquei na dúvida entre Comunicação e Cênicas. Acabei optando pelo teatro e fui fazer a escola de artes Cênicas mais famosa do Brasil, a CAL - Casa das Artes das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Essa experiência me deu bagagem para começar a me arriscar mais e é o que tenho feito; acredito tudo nas minhas idéias e acredito no que faço.

EC - Já escreveu e dirigiu outras peças? No que você se inspira?
TC - Sim, algumas (ver currículo). Me inspiro no cotidiano, no que eu vejo, ouço, em histórias de amigos... A inspiração vem daí, porém o que mais me excita são dificuldades/questões puramente pessoais que resolvo no teatro, como eu disse antes, meus pensamentos.

EC - Como você vê a cultura em Brasília? Como aproximar os jovens para o ambiente cultural?
TC – Acho que Brasília está chegando num lugar interessante no que diz respeito à oferta de produções culturais e qualidade e excelência artística. Para aproximar os jovens só tem um caminho: oferecer produtos culturais de qualidade desde cedo e assim treinar o olhar e o gosto deles para opções artísticas mais diferenciadas.

EC – Tem planos para uma nova peça?
TC – Depois de Bem perto do fim, entro em cartaz com o Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite, adaptação de uma obra literária, que narra uma noite na vida de Alma, artista plástica quarentona, falando os altos e baixo de sua trajetória, cheia de pequenas omissões e irremediáveis perdas.

Essa é uma excelente oportunidade de assistir um espetáculo a preço popular e prestigiar o teatro local. Para quem se interessou abaixo estão as informações.

Bem perto do fim
Bem perto do fim está em cartaz até o dia 22 de maio, no Mercado Cobogó (704/5 norte, bloco E, Loja 51).
Sábados e domingos, sempre às 20h30.
A entrada custa R$ 20 (inteira)
Mais informações: 3039- 6333

Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite
Programa-se antecipadamente:
Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos De Leite, a partir do dia 3 de junho, no Teatro do Brasília Shopping.
Sextas e sábados às 21h e domingos às 19h.
A entrada custa R$ 20 (inteira)
Mais informações: 3039-6333

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