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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Botero em: Dores da Colômbia


A Caixa Cultura traz a Brasília uma mostra das obras do colombiano Fernando Botero. Com o tema “Dores da Colômbia”, a exposição faz um panorama da triste realidade que acometeu o país nas décadas de 1980 e 1990, que tem conseqüência até hoje, como o narcotráfico, a guerrilha, e os paramilitares.

São cerca de 67 obras marcadas com muito sangue, tiros, assassinatos, torturas e dilacerações. Mesmo não sendo fotografias reais, os quadros chocam e passam um sentimento de agonia e aflição, por trazerem um espelho de fatos que realmente aconteceram. Botero afirmou que seu intuito era chamar a atenção do mundo para os momentos irracionais de violência da Colômbia – e conseguiu. É como se o artista tivesse pedindo socorro, por meio dos personagens de suas pinturas.

O padrão ainda é o mesmo: cores vivas, deformações, exageros e pessoas arredondadas.  O que mudou foi a visão do artista, que resolveu olhar para o lado de sua região natal.Meu país tem duas faces. Colômbia é esse mundo amável que eu retrato sempre, mas também tem o rosto terrível da violência. Então, em algum momento, tenho que mostrar sua outra face ”, conta.

Uma marca do pintos é retratar pessoas nuas
Na galeria, muitos seguranças fazem a guarda das obras, mas pelo visto, poucas pessoas em Brasília se dispuseram a conhecer a mostra. De acordo com a mediadora, Sara Lima, a maioria do público era de agendamento escolar, com idades a partir dos 13 anos, pois, apesar de ter censura livre, a recomendação é de 12 anos. No dia da entrevista, a publicitária Jéssica Rabelo, de 23 anos, era a única visitante no local. “Eu não conhecia o artista, me interessei pelo nome da exposição. Fiquei chocada em ver tanta violência, sem contar, que quase todos estão nus”, revela. Jéssica completa dizendo que recomenda o passeio. “Aconselho todos a virem. Nada melhor do que a conscientização por meio do choque visual”.

Para o também mediador da Caixa Cultura, Moisés Gonzaga, o que falta é conhecimento e interesse das pessoas, especialmente para a juventude. “Brasília tem muitos eventos culturais interessantes e gratuitos, mas os jovens fogem por outros caminhos. Muitos não gostam de coisas que exigem um certo raciocínio e sensibilidade”. Sara Lima concorda com o colega e diz: “quem procura a galeria já se identifica com a arte e com a cultura e infelizmente, e parte da mocidade não está madura para isso”.





A revolta de Botero: retratos de tiros, corpos e muito sangue
O que dizer da mostra? Vale a pena conferir o estilo “revoltado” de Botero. O choque pode nos levar à reflexão do que acontece muito perto de nós, aqui mesmo no Brasil, na nossa cidade, no nosso bairro. Essa foi a maneira do colombiano dizer um basta a violência, a maldade, a crueldade, tão visível nos dias de hoje. Quem sabe a os quadros inspirem a gente a também buscar mais gentileza, ao invés de briga. Que o que está retratado nas obras seja um exemplo a não ser seguido.

Antes de vir para Brasília, a exposição passou por São Paulo, onde recebeu 25 mil visitantes. Daqui, ela segue para Curitiba, Rio de Janeiro e Recife. “Dores da Colômbia” fica na cidade até o dia 1º de maio, diariamente das 9 da manhã às 9 da noite e o melhor, tem entrada gratuita.



Fernando Botero Angulo, nasceu no dia 19 de abril de 1932, em Medelín, Colômbia. Ainda pequeno foi matriculado em um curso de toureiro, que lhe rendeu inspiração para suas primeiras obras, inclusive seu primeiro trabalho reconhecido, “Aquarela de um matador”. Aos 12 anos ganhou uma bolsa de estudos na Escola Jesuíta, onde descobriu a arte moderna. Expulso da escola por desenhar personagens nus – fato considerado obsceno – Botero mudou-se para cidade vizinha, Marinilla.

Em 1952, ganhou o prêmio no Salão Nacional, em Bogotá. Com o dinheiro que recebeu, viajou para Itália, França e Espanha, para estudar o trabalho de outros pintores. Quando voltou para Colômbia, em 1955, expos suas novas obras na Biblioteca Nacional, as quais foram criticadas sob o argumento de não terem estilo próprio e acabou não vendendo nenhum quadro. Nesse mesmo ano, Fernando Botero casou-se e mudou para o México. No México, o pintor começou produzir obras de natureza morta, já influenciado pelo Renascentismo Italiano e foi assim que ele ganhou reconhecimento fora da América Latina e foi considerado um dos artistas mais promissores da época.
Monalisa aos olhos de Botero


No fim da década de 1960, o artista decidiu mudar-se para os Estados Unidos, mas precisamente em Nova York. Embora o pintor se interessasse pelo expressionismo abstrato, preferiu seguir pelo estilo renascentista italiano. Durante, esse período, ele resolveu variar as suas imagens, expandindo as figuras e comprimindo o espaço em torno delas. Essa é sua marca até hoje, que pode ser vista inclusive, em paródias de pinturas famosas.
Em 1973 começou também a esculpir e teve seu trabalho exposto em galerias do mundo inteiro. Botero muito do seu tempo esculpindo e suas esculturas tinham em média 3 mil quilos.
 
Fernando Botero tem um estilo próprio, único. Ele mistura influências renascentistas, claramente vistas nos tons de cores usados em suas pinturas. Sua ousadia em retratar pessoas gordas e relatar casos de violência fez dele um dos mais famosos pintores do século XX.


Curiosidades sobre o artista
- Botero perdeu um dedo e alguns movimentos do braço, em um acidente automobilístico, que acabou na morte de um de seus filhos.
- Foi associado ao “Cartel de Medelín”, organização de tráficos de drogas, liderado por Pablo Escobar. Na época, Botero foi vítima de um seqüestro, fracassado.
- Em 1995, sua escultura “Pomba da paz” foi explodida por um grupo guerrilheiro em plena festa de rua, no centro de Bogotá. Os estilhaços mataram 21 pessoas. Botero fez uma réplica da obra.
- Ficou três anos sem falar com o filho, condenado a prisão por aceitar dinheiro do tráfico de cocaína, para financiar a campanha eleitoral de Ernesto Samper.
- Em 2000 começou a apresentar quadros que refletem a violência colombiana.

Entendendo a violência na Colômbia

Em 1948, com o assassinato do líder colombiano Jorge Eliecer Gaitán, veio a rivalidade entre liberais e conservadores. Atos de violência se espalharam desde a capital, Bogotá, até o interior, matando milhares de pessoas. O conflito terminou com um acordo. Os líderes deram respaldo ao golpe militar de 1953 e decidiram compartilhar o poder.

Integrantes das Farc com um prisioneiro
Alguns liberais, que vivenciaram o período de violência das décadas de 30 e 40, ficaram insatisfeitos com o acordo e instituíram as Forças Armadas da Colômbia – Farc, em 1964. As Farc foi a primeira de muitas organizações que viriam depois.

Nos anos 70, os cartéis de narcotráfico se estabeleceram no país e passaram a produzir cocaína em grande escala, juntamente com as Farc. Logo começou a luta contra o tráfico de drogas.  Na década de 1990, os EUA intervieram na guerra contra o narcotráfico, procurando os líderes dos cartéis. Nessa época, foi preso o famoso traficante Pablo Escobar, morto em 1993. As Farc dominam 20% do território colombiano, com aproximadamente 17 mil guerrilheiros e é o principal combustível de violência no país.    

Fonte: Com informações do site http://www.infoescola.com/colombia/historia-da-colombia/

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