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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Deixe-se levar pelo Choro


Mais de 50 músicos tocando a céu aberto
Levantar cedo em pleno sábado pode ser um sacrifício para alguns, mas certamente é um prazer para os estudantes do Clube do Choro de Brasília. Todo último sábado do mês eles se reúnem para tocar e se conhecerem melhor. Cada um da sua maneira, sem regras ou olhares de advertência. É um momento reservado especialmente para a música e todos os sentimentos que ela pode trazer. Alguns dizem que é emoção, outros felicidade, mas todas as definições se resumem a uma extrema paz de espírito.

Não é nem preciso saber tocar, basta saber admirar e observar. São cavaquinhos, violões, flautas, violinos e muitos pandeiros. Jovens, adultos e idosos, todos em harmonia com a melodia, tendo a natureza como companhia debaixo da sombra das mangueiras do eixo monumental. Local ideal para apreciar um ritmo leve e contagiante sem gastar nenhum centavo.

Quem não quer ficar em pé pode levar cadeira de casa
O repertório é feito na hora. A canção é escolhida por quem começa a tocar primeiro, mas não podem faltar clássicos como Naquela mesa, Carinhoso, Ternura e Sofres porque queres. Letras interpretadas e imortalizadas por tantos artistas como Nelson Gonçalves e Pixinguinha. Lembrando que não tem que ser fã de chorinho para visitar a chamada roda do choro, basta ter a mente aberta e deixar o ritmo envolver. Pode-se até fechar os olhos para entrar melhor no clima. De óculos escuros, por exemplo, ninguém vai perceber o momento “meditação”. 

Famílias
Algumas famílias já descobriram a roda. Elas ajudam a decorar a paisagem ao redor dos músicos. Muitas crianças aprendem desde cedo a amar o Chorinho e a pensar no futuro como um instrumentista em potencial, normalmente seguindo os passos dos pais. É o caso de Carlos Eduardo Maia, de 8 anos. “Já pedi um violão de presente. Quero um dia tocar aqui com meu pai”.

Assim como os pequenos sonham em participar do evento, tem veterano também almeja ver mais participantes na roda. Para Pedro Ferreira, estudante do Clube do Choro há muitos anos, os músicos de chorinho deveriam se reunir em outros lugares de Brasília, assim, poderiam levar o ritmo para os arredores do DF e construir parcerias. “Se nós nos encontrássemos cada vez em um lugar diferente, mais pessoas teriam o interesse em conhecer o estilo e quem sabe não aumentaríamos a nossa roda”, idealiza.

A dica então é: levantar cedo, vestir roupas leves, juntar os itens de piquenique, passar protetor solar e seguir para o Clube do Choro. De longe pode ser ouvir o grupo de “quem sabe faz ao vivo” do lado de fora. Uma programação fora do comum para muita gente, que pode conquistar de vez muitos corações. Experiência própria.

História do Choro

O Choro pode ser considerado o primeiro ritmo urbano tipicamente brasileiro.Os primeiros grupos surgiram nos subúrbios cariocas em 1880. O curioso nome, atenta para o caráter choroso com que os músicos interpretavam as canções. A princípio, eram formados trios, com cavaco, flauta e violão. O choro foi o recurso encontrado por músicos populares de tocarem à sua maneira, as canções importadas consumidas pela alta sociedade da época. Os chorões logo se difundiram e conquistaram os salões nobres do Rio de Janeiro.

O choro é considerado um ritmo disposto aos improvisos. E foi com essa fama de “improviso Jazzístico”, que o chorinho, seguidor de regra alguma, passou a ter diversos outros instrumentos. O que determinava a maneira como cada instrumento participa da canção se dá em função da destreza do músico que o toca. Não importa se é um cavaquinista ou trombonista, mas sim se é ele suficientemente hábil para fazer os solos.

Essa liberdade musical chamou a atenção de nomes que se consagraram no Brasil como Jacó do Bandolim, Lula Cavaquinho, Villa-Lobos, Hamilton de Holanda, Nelson Gonçalves, João Pernambucano, dentre outros.


2 comentários:

  1. Nossa! Parabéns pelo trabalho de divulgar as ARTEs do modo tão simples e objetivo. Sucesso!!!

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  2. Muito boa essa matéria!
    Na verdade nunca tinha visto esse projeto!
    Parabéns!
    Bjs. Lucas.

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